terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

a nossa história... a poderosa La Loba... que tenhamos a sorte de encontra-la...



Existe uma velha conhecida como La Loba, que caminha pelos cantos das floretas, leitos secos dos rios e desfiladeiros. É circunspecta, gorda, cabeluda e desarrumada. Parece evitar a maioria das pessoas, mas procura aquelas que se perderam do caminho. O trabalho dela é recolher ossos, principalmente os de lobos. Quando consegue recolher um esqueleto inteiro, ela se senta junto à fogueira e escolhe a canção que irá cantar. Canta e toca seu tambor com tanta força e intensidade que as pernas e as costelas do esqueleto vão criando carne e pêlos. Em algum momento da canção, o lobo volta à vida e sai correndo pela floresta. Seja por um raio de sol ou de luar ou por cruzar um riacho, o lobo se transforma numa mulher que corre livre e alegre pelo mundo. Uma Mulher que Corre com os Lobos. Assim como os lobos, as mulheres selvagens têm a percepção aguçada, espírito brincalhão e capacidade para devoção. Têm grande resistência e força, são intuitivos e preocupam-se com seus filhotes e seus comuns. Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. São dotados de determinação e extrema coragem. No decorrer da História da humanidade, houve um momento em que as mulheres foram consideradas animais trapaceiros e vorazes e, assim como os lobos, foram forçadas a acreditar que seus instintos não são bons. Por isso, as mulheres que eram devotas à Grande Deusa foram caçadas. Foram-lhes impostos apertados espartilhos e regras. Não se podia dançar, rir ou brincar. Seu espaço na casa tornou-se restrito às tarefas domésticas e sua função única, servir o esposo e criar seus filhos.A velha La Loba e sua canção são uma das lendas contadas pelos indígenas americanos e sul-americanos, pelos orientais e ocidentais; histórias que se referem ao espírito da Mulher Selvagem contadas pelos velhos para as crianças. O arquétipo da mulher está presente no mundo perambulando pelas histórias de La Loba: o Barba Azul, Vasalisa, a sabida, Manawee, A Mulher-Esqueleto, O Patinho Feio, A Mulher-Borboleta, Os Sapatinhos Vermelhos, La Lorona, A Menininha dos Fósforos, As Deusas Sujas e tantas outras. É para resgatar essas mulheres perdidas do caminho que a velha La Loba procura os ossos. Quem sabe, um dia, se você estiver caminhando perdido pela floresta e dê a sorte de que a Mulher Selvagem lhe encontre e lhe ensine algo da alma, para voltar a ser uma mulher com o instinto de loba...

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