segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Eu, o tempo, a vida... as palavras que penetram, que se soltam...


'Não sei sobre o que estou escrevendo: sou obscura para mim mesma. Só tive uma visão lunar e lúcida, e então prendi para mim o instante antes que ele morresse e que perpetuamente morre. Não é um recado de idéias que transmito e sim uma instintiva volúpia daquilo que está escondido na natureza e que, por vezes, adivinho. E esta é uma festa de palavras. Escrevo em signos que são mais que um gesto do que voz. Tudo isso é que me habituei a criar mexendo na naturezaíntima das coisas. Mas agora chegou a hora de parar a criação e me refazer... refaço-me nessas linhas. Tenho uma voz. Assim como me lanço no traço do meu desenho, este é um exercicio de vida sem planejamento. O mundo não tem ordem visivel e eu só tenho a ordem da respiração.
Deixo-me acontecer... pra você.
Estou dentro dos grandes sonhos da noite pois o agora-já é de noite. E canto a passagem do tempo...
Minha aura é mistério de vida.
Eu me ultrapasso abdicando de mim e então sou o mundo: sigo a voz do mundo, eu mesma, de súbito, com voz única.
Escrevo-te na hora mesma em si própria. Desenrolo-me apenas no agora.
Falo hoje - nem ontem - nem amanhã - mas hoje e neste próprio instante perecivel.
Minha liberdade pequena e enquadrada me une à liberdade do mundo ...
Estremeço em respiração arfante... por e para você...'

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